por Misha Gibson, que não gosta de se atrasar
Terça, 22 De Maio De 2018 ás 06:00
Atrasei
Estou escrevendo este texto na quarta-feira, muitos dias depois que este mesmo texto deveria ter sido publicado. Devo confessar que escrever aqui está cada vez mais complicado, minhas ideias não estão tão frutíferas e quase não tenho vontade de falar. Ando em uma fase de cuidar de mim e do pequeno e acho que me falta conteúdo para escrever. Esses dias tem sido só para correr em busca de médicos, dentistas, psicólogos e laboratórios.
Se não é o pequeno, sou eu. Fazia anos, ANOS, que não ia ao médico. Não por falta de doença, mas por excesso de medo. Tenho medo de descobrir que não tenho a saúde que acho que tenho. Eu sei, eu sei, eu sou uma confusão em pessoa. É preciso cuidar mais de si para que se possa ter mais e mais saúde. É que os marcos etários chegam para todo mundo e eles assustam. Mas, é preciso cuidar mais, é preciso cuidar sempre.
Não sei se ando mais relaxada comigo mesma, ou se é justamente o contrário. Não tenho ido com regularidade que pretendia nas minhas aulas de Muay Thai, até puxão de orelha do mestre já estou merecendo. Mas, é sempre essas consultas, ou acompanhar meus pais, ou o pequeno, ou estar doente. É, a sinusite me pegou neste início de outono. O que me faz lembrar que preciso marcar um otorrino...
Eu sinto falta da época em que a gente ia ao médico. Sabe, aquele médico que pedia exame de sangue, de urina, de tudo? E tinha seu histórico todo, mandava você fazer exercício, mandava ir em outros especialistas? Desde quando a medicina ficou tão fragmentada? Por que a gente não tem médico que nos acompanha desde sempre? Por que não existem mais médicos da família?
Mas, tá... Eu não queria falar tanto sobre saúde. Já foi abril e eu não consegui arrumar minha agenda. Ora é levar alguém no médico, ora é provas do pequeno, ora é ajudar em casa. Não sei se estou ficando mais mole ou se eu estou ficando mais enrolada. Olha só. já é outra terça e eu não entreguei ainda o texto atrasado da semana passada. Será que consigo publicar ainda hoje?
É a vida que me atropela ou sou eu que me saboto? Ou sou eu que estou colocando a vida nos eixos? Não sei dizer. São os lados opostos da moeda. São as dúvidas existenciais que nunca têm resposta.
Ontem reassisti 'Breakfast at Tiffany's' (Bonequinha de Luxo). Audrey Hepburn lindíssima e elegantérrima, numa história que me fez pensar. A descrição do filme em sites especializados diz que ela interpreta uma socialite emergente que enche os olhos de quem a conhece por ser uma força livre, ou nas palavras dela, uma louca. Na tentativa de se manter, ela participa de festas e sempre busca conhecer os homens ricos. E ela não quer se prender a ninguém que não possa garantir sua tranquilidade. Ela está aproveitando enquanto pode ou está só protelando o viver? A julgar pelo final do filme, ela só protela viver. É preciso coragem para sair na chuva para procurar o gato.
Três amigos se revezando, a cada semana, para mostrar o cotidiano de um jeito absolutamente normal.
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