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Dia desses um amigo de tempos remotos me mandou uma mensagem muito carinhosa, dizendo que sentia saudade e que havia se lembrado de mim. Mais do que isso, ele me disse que a lembrança foi tão feliz que comentou com o namorado.

Ao ler esta mensagem, um misto de coisas passou na minha cabeça, o carinho recíproco e a saudade recíproca, a vontade de estar na mesma cidade que ele para desfrutar de coisas cotidianas. E mais do que isso, a surpresa de ele sair do armário depois de um casamento, filho e todo o processo que é aceitar-se e assumir-se.

Na verdade, quero crer que a minha surpresa se relaciona mais com a coragem de não se importar com o que as outras pessoas pensem, do que exatamente sair do armário. Não deveria mais caber o espanto de se descobrir. Não deveríamos nos espantar por termos desejos. E não deveria existir o receio de enfrentar o pensamento alheio.

Tive muito orgulho do meu amigo, como ele é corajoso! Eu recebo essa informação com muita naturalidade, fico feliz que as pessoas encontrem coragem para serem felizes, de acordo com suas convicções, desejos e sonhos.

É como tomar coragem para aceitar um convite a um evento onde você não conhece ninguém, além de quem o convidou. Aceitar ou não? No primeiro instante, eu tenho a maior coragem e penso: vou. No segundo momento, minha vergonha e meu medo dizem: e se a pessoa não te der atenção? E se ninguém mais fizer questão da sua presença? E se você ficar completamente deslocada? E se a pessoa que me chamou resolver ir embora? E se minhas expectativas não forem satisfeitas? E se meu remorso for maior que a minha vergonha?

Lidar com os prós e contras nunca é fácil. A decisão de fazer alguma coisa deve se basear em aprendizado e não no resultado final, mas como - como? - pender para um dos lados sem coragem?

Acho fácil colocar a culpa no destino quando tudo parece contra alguma coisa que devo fazer.

'Os deuses conspiram contra, melhor não.'

Mas, o coração se aperta se eu realmente queria fazer, ou ver o resultado de determinada ação. E eu me culpo por não ter tentado, por não ter tido coragem para enfrentar a situação. O remorso é amargo.

Por isso que ver meu amigo feliz com suas escolhas, por mais complicadas e penosas que tenham sido, é uma alegria de viver. Sempre rezo para ter mais coragem e sabedoria, mas eu ainda me sinto muito assustada diante do que eu não sei.