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Primeiro 171 após aniversário. Estou inaugurando uma nova idade. Uma idade redonda. Uma idade que marca um ciclo. Já fiz tanta coisa... Terminei faculdade, morei sozinha, morei com meus irmãos como se fosse uma república, casei, divorciei, viajei sozinha, viajei junto, plantei árvore, tive filho, briguei com gente que achei que fosse ficar na minha vida pra sempre, olho com assombro para gente que eu achei que fosse embora.

Fiz tantas coisas.. Já escrevi livros - mesmo que eles não tenham sido publicados, eu os escrevi. Estão em alguma gaveta digital. Já dei aula, já troquei de emprego, aprendi a ir ao cinema sozinha, beber sozinha, passar o fim de semana sozinha. Já me tranquei pra fora de casa, já me trancaram pra fora do trabalho. Já fui despedida, já pedi demissão, já larguei emprego público. Já fui operada, já quebrei a cabeça depois de ser atropelada por uma bicicleta. Já fui muito mal tratada, já pisei em cima de algumas pessoas. Já chorei até doer o coração, já fui largada. Já me decepcionei com tanta gente, já desapontei tantas outras.

Já ajudei algumas poucas pessoas, fui inúmeras vezes ajudada. Já me perguntei o porquê de tudo isso, já pensei em suicidio. Já fui diagnosticada com depressão, já tive meningite. Nunca tive dengue, mas já me arrastei pelo chão com labirintite. Já fui ovelha negra, já orgulhei algumas pessoas, tive algum sucesso e já tive inúmeros fracassos.

Já fiz tanta coisa e ainda não fiz nada.

Já vi a morte de perto, já matei sapo com sal. Já fui tão radical e ainda não encontrei o equilíbrio.

Eu vivi muitas coisas, mas ainda não vi de tudo.

Já vi gente casada ter namorado, já experimentei de violência. Já fiz coisas que não me orgulho e já apontei o dedo mais vezes do que deveria. Já vi muitas coisas, mas não vivi quase nada.

Já aprendi muitas coisas e ainda não sei nada. Já senti tantas coisas e ainda não experimentei tudo. O que vale é que ainda tem caminho para andar. O que vale é que eu ainda quero ver, ainda quero querer. Eu não espero a morte, eu quero mais.

Já amei tanto mas ainda não sei amar.

Eu já vivi tão pouco mas não vivi de menos. Vamos seguindo até a próxima parada.