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Estou de férias!
Não preciso acordar cedo, não tenho que me preocupar com nada. Peraí. Volta um pouco a fita...
Hoje eu acordei as 07:00. (Isso é não ter que acordar cedo?) Fiz meu pequeno tomar café da manhã, lavei a roupa, organizei umas coisas em casa. Fiz almoço. Ontem antes de dormir, coloquei o lixo pra fora, tirei a carne do congelador. Como assim não me preocupei com nada? Claro que me preocupei. Acordei cedo também. Quando é que vem aqueles dias de férias em que você não tem que pensar em dinheiro (em como ganhar e em como guardar), não tem que pensar em comida (a que você faz ou a que manda fazer), não pensar em casa (em arrumar ou se vai ter o que arrumar)? Quando é que a gente 'desliga' de verdade?

Por favor, não me digam que nunca. Eu trabalho porque gosto, porque me sinto útil, me sinto completa trabalhando. Definitivamente, não vou ser daquelas velhinhas que ficam sentadinhas vendo o tempo passar. Tem uma hora que televisão me cansa, livro também. Gosto de me manter ocupada, mesmo porque se não fizer nada, a cabeça não pára e são mil assuntos que podem me deixar mais estressada do que se estivesse com problemas no trabalho. Mas, eu gostaria de Férias, assim mesmo com 'F' maiúsculo. Um tempo em que não tivesse tempo. Acordar na hora que acordar, comer na hora da fome, fazer o que pintar na telha.

Gostaria de poder acordar e não ter muitos planos, além de tomar um café, ler o jornal e pensar: 'e agora?'. Quando é que a gente descansa a cabeça das contas, da bagunça, do almoço, do filho descalço? Quando é que a cabeça tem sossego? Mesmo quando a gente viaja a gente tem preocupação, nem que seja no checkout do hotel. É triste, gostaria de poder ser mais otimista com relação a esse tempo, teoricamente, livre de preocupações. Talvez, quando eu voltar eu precise de férias das férias... Ou, talvez, o que eu precise mesmo seja de um retiro. Quem sabe um retiro budista, onde eu aprenda a meditar e possa simplesmente ser.

Embora eu esteja aqui falando que estou preocupada, com coisas para resolver da viagem e das férias, que essas coisas me estressam, tem horas que eu preferiria estar trabalhando. Acho que é uma preocupação conhecida, um estresse velho amigo. Estar no trabalho com gente que eu me importo muito, que é muito competente no que faz e que nem sempre é reconhecida é um orgulho para mim. Pode me chamar de Caxias, eu adoro trabalhar, construir o meu castelinho com orgulho, resolver coisas que outras pessoas acham complicadas, ou não sabem sequer começar a entender. Sim, o meu trabalho me gratifica mesmo que algumas vezes seja desgastante, ingrato, demandante. Merecer essas férias é um prêmio e sei que devo considerá-las assim.

Mas, fato é que talvez eu não seja capaz de viajar em grupo. Talvez eu seja daquelas pessoas que aproveita melhor as coisas sozinha. Mesmo porque sozinha eu sei do que eu gosto, do que eu preciso, do que eu vou sentir falta e do que é irrelevante para mim. Acompanhada, vou ficar preocupada se pegaram todas as coisas que precisam, se vamos ter dinheiro suficiente, se as acomodações vão ser de agrado geral, se a viagem vai ser confortável, se vão sentir falta de casa. Os dias passam para eles, especialmente para o pequeno, como se fossem martírios: não vamos fazer nada até chegarmos lá. Pode parecer cruel, mas eu sei que um dia antes da viagem vai tudo estar pronto e vou conseguir uns minutos de 'numbness', ou mente tranquila por assim dizer. Entretanto, espero, por um milagre divino, não estar criando um futuro ansioso. Reconheço em mim a mesma mania de perfeição de pessoas que me influenciam fortemente. Espero que o pequeno seja mais esperto que eu.

Posso dizer que estou saindo da caixinha de conforto com essa viagem. Embora seja para um lugar seguro, com pessoas conhecidas, para um destino ainda mais ameno e confortável, é um passo fora da minha zona de conforto. Estou me deixando viver essa expectativa. E, melhor ainda, estou dando asas para o pequeno também. Sei que ele vai ter lembranças para o resto da vida e isso é melhor que todo o caos em que minha mente estressada pode querer.

Quem sabe depois dessa experiência eu comece a planejar o meu próprio retiro espiritual, pra quando o pequeno não for mais tão pequeno? Ou quem sabe eu o carregue mais vezes por aí nesse mundão? Que este seja um passo de muitos!