O atrasado e máximas da vida

por Misha Gibson, que tem suas questões em aberto

171 Todo Dia

Terça, 11 De Outubro De 2016 ás 18:00

O 171 desta semana nasceu atrasado. Estou super enrolada com visita em casa e com os revezes de se ter um pequeno com questões em aberto. Bem verdade que não enfrento nada disso sozinha, mas mesmo assim, as horas passam depressa demais para eu acompanhá-las. Mas, como o lema é antes tarde do que mais tarde, vou tentar falar um pouco a respeito de como as adversidades nunca vêm desacompanhadas mesmo.

Vamos começar pelo mais simples, que é sobre o trabalho. Depois de um tempo considerável, conseguimos colocar um grande projeto em produção. Já isto seria suficiente para ter adversidades o suficiente para uma pessoa. (Sorte que não sou só eu no trabalho...) Mas, quis o destino que a crise que atravessamos nos encontrasse bem no meio do caminho. A maré continua apresentando sinais de que ainda não acalmou e conviver com o risco de perder o emprego a essa altura é aterrorizante.

A segunda adversidade é bem mais cascuda. O pequeno está surgindo com os dilemas daquela idade em que tudo vira uma questão filosófica ou tudo vira um problema psicológico. E agora estou enfrentando os meus maiores medos em ser mãe sozinha. Quando é que todas aquelas pequenas coisas que eu tenho que ralhar acabaram se tornando em uma avalanche aterrorizadora de sintomas de um milhão de traumas e patologias?

A pior coisa de ser mãe é ter certeza de que você vai ser responsável por estragar a vida do seu filho. Sim, porque você não pode ser a mãe perfeita, já que tem suas próprias questões para lidar, e sabe que as suas imperfeições vão gerar algum tipo de trauma, ou quem sabe, alguma dor que você vai se arrepender. A gente sempre espera que as crianças sejam mais fortes e mais espertas do que nós somos, mas no final, a gente esquece que tudo o que acontece com elas as molda para sempre. É duro, muito duro, saber que os seus esforços vão inevitavelmente ser questionados e as vezes até condenados.

E, com todas as grandes questões se aproximando do pequeno e as experiências de vida que o trouxeram até este momento, imagino como fervilha a sua cabeça e o seu coração. Imagino como é ser meu filho e imagino como é se entender dentro da minha família. Nem tudo são flores. Lembra da máxima que diz que todo mundo deveria plantar uma árvore, escrever um livro e ter filhos? Sempre achei que essa máxima falasse de como deixar para a posteridade uma parte de si, mas estou descobrindo que ela se trata das nuâncias de ser uma pessoa completa. Acho que é disso que se trata da parte de se ter um filho, tentar fazer as pazes com o seu próprio passado para o bem do futuro.

Achava que a minha turbulência com o pequeno, meu atabalhoamento em lidar com essas crises, ter um trabalho em tempo integral e ter visita em casa fossem o suficiente como adversidades para uma única pessoa. Mas, quis a conjunção de todos os deuses, o destino e a lei de Murphy que o pequeno tivesse também catapora em plena véspera de feriado. Tudo bem, isso é bem menor quando penso nas outras coisas. E talvez ela feche o ciclo de coisas ruins que estou enfrentando.

No fim de tudo, eu quero apenas poder dizer que as marquinhas do corpo dele vão sumir, que ele não vai ter mais febre de madrugada e que tudo vai se ajeitar. Assim meus textos não vão se atrasar novamente e outros ciclos de adversidades poderão vir, quiçá mais brandos para eu reclamar menos aqui.

171 Todo Dia

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