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Uma ode às pessoas esquecidas nos vãos obscuros do passado.
Essas pessoas ficaram paradas na minha memória como quem fica em uma estação de trem,
E eu as olho pela janela do vagão da minha vida.
Talvez um aceno; talvez coisa nenhuma.

É tão seco pensar que um dia elas foram quem foram para mim:
Uma pessoa na multidão, uma em um milhão.
Aquela pessoa que me estendeu a mão,
Ou que olhou como se eu fosse uma e não o grão de areia esquecido.
Aquela pessoa que fez parte de mim intrinsicamente,
Na confusão dos nossos eus e os outros,
E não um outro vulto na escuridão.

Uma ode às pessoas esquecidas a quem eu fui alguém.
Porque ser alguém é tão difícil e tão insignificante como ser.
Para elas eu sou a pessoa da estação.
Talvez eu acene; talvez nem esteja lá.

E é tão fluido deixá-las partir no trem-bala do seguir, como feixes de luz, em um piscar de olhos.
Eu canto a elas a minha dor, mesmo que não seja dor,
Pois é sempre uma dor estar ausente, e presente na solidão.

É tão mesquinho querer ser insubstituível.
É tentar correr atrás do avião que parte.
É querer sempre chegar, sem nunca partir.
Ainda assim, ainda assim, ainda assim.