Take it easy

por Misha Gibson, que gosta do mar e seus encantos

171 Todo Dia

Terça, 16 De Setembro De 2014 ás 06:00

Take it easy

Take it easy

O texto de hoje é para uma pessoa especial. É uma declaração pública do meu apreço e da minha admiração. Esta pessoa não é perfeita, tem lá seus defeitos. Ele - oh, sim, é um homem - é rabugento, sarrista, cheio de manias e metódico. Ele, em suas próprias palavras, é um antissocial com amigos, um mentiroso descarado. Ele é um ser que prefere a companhia do mundo do que de pessoas. Principalmente quando tem lá seus ataques de estresse.

Mas, esse mesmo homem tem um coração que acredita, uma pessoa que tem palavras de conforto quando o mundo parece cruel demais. Esse homem se preocupa com quem o cerca, sua família é um pilar mastodônico e tem suas responsabilidades como sua responsabilidade. Esse homem é um homem comum, que tem suas dúvidas, seus medos, seus anseios. É alguém que tem medo de se mostrar, deve ter lá seus remendos no coração. É um homem intragável segunda-feira de manhã, mas é um doce sexta-feira à tarde.

E, antes que este texto vire uma descrição ipsis litteris, já digo o porquê de um texto para ele. Verdade que foi ele que me moveu a escrever, mas o que tenho a dizer não reconheço somente nele. É que ele me disse que eu tenho que aguentar uma gente doida em minha vida e este foi o clique que faltava para que o texto saísse. Eu sou apaixonada por pessoas. Adoro desvendar cada nível que elas me apresentam. Cada característica apresentada - se me deixam ver um medo, se compartilham uma dor, uma alegria, se me deixam secar uma lágrima ou se riem comigo - é um motivo de alegria. Sou merecedora de um pedacinho dessas pessoas. Me encanto com o que eu reconheço como belo e com o que eu reconheço como estranho. Gosto de gente que me sorri destravado e me fala ao coração. Estas pessoas são minha perdição.

E esse homem também me perguntou se eu não tenho essa necessidade de ficar quieta, sem me relacionar com pessoa nenhuma e eu me dei conta que já me peguei muitas vezes desejando viajar sozinha, ficar sozinha, ser sozinha. Quem nunca desejou sair correndo, mudar de nome, viver andarilho olhando as flores? Quem nunca quis se libertar do estereótipo do ser padrão? Quem nunca se rebelou contra a sociedade?

Não, eu não gosto o tempo inteiro de ser só. Sou uma pessoa apaixonada por pessoas, lembra? É que é sendo só, viajando em sua própria introspecção, pode-se encontrar a paz e a calma de um ser conectado com o mundo. Sendo só, posso ver a beleza em outras pessoas, posso me encantar por um item e um ato. Sendo só tenho possibilidade de ver o outro e reconhecer no outro aquilo que almejo, desejo ou espelho. Sendo só recebo a natureza por meus sentidos de maneira única. Sendo só eu vejo a solidão com respeito e parcimônia.

Ser só as vezes cansa também, meu caro. Estar conectado com o mundo requer outras pessoas, quer deseje ou não. Ser bicho de mato requer o mato. E sem cidade, tumulto, bagunça e todas essas coisas que você as vezes quer distância, não há beleza no caipira, no terreno, no simples. Tudo requer equilíbrio. E, aqui, eu fecho o meu pensamento de hoje. Para você. Take it easy. Há que se ter trabalho para ver a beleza da pausa. Há que se ter dificuldades para dar valor à lição. Há que se sacrificar o muito para se ter um pouco de qualidade. Há que se ser caminhante para que o caminho faça sentido. Há que se estar junto, dividir, para saborear e deleitar do outro. Há que ser centrado em si, mas não evitar o caos. O mar é profundo, cheio de mistérios e riquezas e quem quer conhecer os seus encantos deve enfrentar a maré, a maresia e a ressaca.



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