Senhores Prefeitos – Porque Planejar

Frederico Valente

Sexta, 11 De Março De 2005

Senhores Prefeitos – Porque  Planejar

Senhores Prefeitos – Porque Planejar



“Não há ventos favoráveis para quem não sabe para onde ir”
        Sêneca 45 AC

Regra geral, terminada a campanha eleitoral, as comemorações dos correligionários,  consolidada a vitória, escolhida a comissão de transição, feitos os levantamentos, elaborados os relatórios, vencida a difícil etapa de escolha da equipe de governo, definida as linhas do discurso de posse, passados os festejos, vem então o 1o dia de trabalho. E daí? Problemas aos montes, bem pequenos e bem grandes, imediatos e de longo prazo, de solução barata e de solução cara. Nos primeiros meses, tudo culpa do anterior. A partir daí não há desculpas a dar. Nos encontros na Associação dos Prefeitos a conversa é a mesma e os problemas muito parecidos. O que fazer então??? Como é possível se tornar um administrador de sucesso??? Como se diferenciar para melhor??

As manifestações são as mais variadas nos governos dos estados e da união, sobre a precariedade dos encaminhamentos das demandas dos prefeitos, principalmente das cidades menores, que na maioria das vezes não tem nem como organizar uma estrutura  técnica que possa identificar, planejar, priorizar e elaborar os projetos que proponham alternativas e viabilizem recursos para dar encaminhamento à solução dos problemas.

É preciso, no entanto, que esses alcaides tenham consciência dessa limitação, sua, de sua equipe e dos técnicos da administração. Na maioria das vezes não enxergam essa limitação, o que os deixa sem saber por onde começar. Daí acabam saindo atrás de socorro nos governos superiores, sem saber o querem, ou melhor querem tudo, ou o que estiver disponível.

Isso é regra e tem toda lógica do ser humano, mas infelizmente os resultados nem sempre são satisfatórios, ou melhor na maioria das vezes não geram resultado algum e a administração pública não atende os anseios de seus concidadãos e o administrador recebe a marca de incompetente, no mínimo.

Que tal se a equipe escolhida, passasse neste mês de março, uns dias imaginando que estivessem numa data futura daqui a 4 anos, já na próxima administração. Onde cada um estaria?? Que marcas gostariam que o resultado dos 4 anos de trabalho recebesse de seus concidadãos?? Quais os problemas de hoje que precisam ser enfrentados para alcançar essas marcas?? Quais são os que devem enfrentar primeiro?? Quais são os que dependem exclusivamente das ações diretas da equipe?? Quais os que precisam de articulação para ter o apoio de outros??? Com quem é possível contar e com quem não é possível contar, para isso?? Onde existem nas demais esferas da administração pública, e privada, possibilidades de ter ajuda?? Como os administradores devem organizar sua agenda que a partir de agora não mais depende apenas de sua vontade?? Que assuntos devem tratar com prioridade em cada dia de trabalho???

Será que essa não deveria ser a regra?? Será que a lógica do ser humano não deveria ser essa?? Será que assim os resultados não teriam probabilidade de serem melhores??

Carlos Matus um pensador do Planejamento Estratégico, em sua entrevista publicada no livro “ Entrevista com Carlos Matus” Edições FUNDAP, diz que “O planejamento é um cálculo que precede e preside a ação para criar o futuro,  não para predizê-lo”

O futuro deve ser construído a cada dia. Para construí-lo é preciso planejar hoje e agir amanhã. Os problemas devem ser antecipados e as soluções projetadas nos seus mínimos detalhes.

Vejam que em nenhum momento imagino o administrador nessa situação, contratando um “Consultor” e pedindo-lhe um plano para garantir o sucesso de sua administração. Da mesma forma que é muito difícil obter bons resultados sem pensar o futuro, também me parece simples concluir que nem o mais estudado dos doutores possa oferecer uma solução única para todos os casos. É preciso criar as condições para que o futuro desejado seja pensado hoje  e buscado amanhã,  incessantemente, através de métodos e instrumentos disponíveis pela metodologia de um planejamento participativo e que tenha estratégias de ação devidamente discutidas, organizadas e que possam contar com a cumplicidade do maior número possível de atores sociais.

A administração pública deve ser voltada para o público, portanto o administrador deve dispor de amplo espírito público, pensar que está ali para resolver o problema da comunidade e para isso precisa saber que nem o mais brilhante dos seres humanos sabe, sozinho, o que é o melhor para aquele público. O sucesso nessa área sempre precisa de muitos atores pensando e atuando, ao mesmo tempo.

Sonhar é preciso, planejar mais ainda, realizar nem se fala

*Diretor da Secretaria de
Desenvolvimento do Centro Oeste,
do Ministério da Integração Nacional

Frederico Valente

Engenheiro, especialista em gestão pública, foi secretário de Estado de Planejamento

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