Ranking do Enem produz quadro distorcido da educação no Brasil e no MS

Por Fernanda Oliveira: Novos indicadores do Enem mostram que estar em primeiro lugar não significa necessariamente qualidade de ensino.

Politicando

Terça, 11 De Agosto De 2015 ás 16:31

Ranking do Enem produz quadro distorcido da educação no Brasil e no MS

Ranking do Enem produz quadro distorcido da educação no Brasil e no MS

“Colocar todas as escolas do Brasil em um único ranking produz um quadro distorcido da realidade educacional do País”, afirmou o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Francisco Soares, durante entrevista na última quarta-feira (5) sobre a divulgação das informações do Exame Nacional do Ensino Médio 2014 (Enem) por Escola.

Conforme ele, novos indicadores do Enem devem ser analisados e levados em consideração pelos pais, como o índice de permanência na escola, que aponta se o estudante cursou total ou parcialmente o ensino médio em determinada instituição de ensino.

"Essa informação é importante para que a sociedade conheça quais são as escolas que realmente ajudam seus alunos a melhorarem, que oferecem educação de qualidade durante todo o ensino médio, e quais são aquelas que, simplesmente, selecionam alguns para cursarem apenas o 3º ano", complementa o presidente do Inep".” A preocupação dele está em sintonia com a opinião de grande parte dos educadores brasileiros, segundos os quais, tão importante quanto a qualidade do ensino propriamente dito, é a política de cada escola com relação à formação social dos estudantes e à construção do ser humano.

Lúdio Silva, coordenador pedagógico do Colégio Dom Bosco, que teve o maior número de inscritos no exame em um único CNPJ no Mato Grosso do Sul (246 estudantes), afirma “Os novos indicadores do Enem mostram que estar em primeiro lugar não significa necessariamente qualidade de ensino. Hoje muitas escolas colocam como único objetivo alcançar o topo do ranking divulgado pelo MEC, mesmo que para isso precisem dividir seus alunos em unidades fictícias, como apontado pelo jornal O Globo no dia 7/8. O jornal Estado de São Paulo fez uma análise semelhante no dia 5/8 afirmando que “escolas que não existem representam 80% dos primeiros lugares no Enem”. Para Lúdio, “o próprio MEC, para evitar a utilização mercadológica dos resultados do Enem, deveria disponibilizar esses dados individuais para cada escola definir planos e estratégias de melhoria. A forma como o ranking é divulgado incentiva as ações criticadas pelos grandes veículos de comunicação”.

No geral, a média das escolas no Enem 2014 melhorou, sendo que os novos indicadores também demonstraram o esforço contínuo das escolas para avançar em fatores que vão além das meras notas, como corpo docente, taxa de permanência e infraestrutura. “A educação não se resume à ambição de alcançar os primeiros postos no ranking do Enem. Educar é preocupar-se com o desenvolvimento integral, com o exercício ético futuro da profissão escolhida, com a solidariedade, com o desejo de construir um futuro melhor. O ambiente escolar precisa ser propício às novas amizades, ao companheirismo. Estes objetivos ficam muito prejudicados quando a filosofia da própria escola já parte de uma concepção mercantilista da vida”, analisa Lúdio.

Para o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, escolas maiores são melhores para a formação. “Procure uma escola maior. Lá seu filho terá contato com pessoas mais diferentes entre si. Vai conhecer o preguiçoso, o esforçado, o desobediente, tipos de pessoas que ele encontrará na vida. Numa escola pequena, as pessoas podem ser muito parecidas. A nota pode ser maior, porque é mais fácil dar aula para estudantes parecidos. Mas, no futuro, o garoto ou a garota não vai conseguir lidar com um mundo cada vez mais complexo”, afirmou o ministro, em entrevista para o jornal Folha de São Paulo neste domingo (9).

Escolas mais tradicionais visam a formação do cidadão, não selecionando alunos por nota ou classe social. Esta distribuição é feita em turmas de período noturno, matutino e integral, conforme a situação familiar e a disponibilidade de tempo de cada um, o que reforça o desenvolvimento de uma atuação educativa pautada na ética, resultando em nota geral significativa e na aprovação de alunos nas melhores universidades do Mato Grosso do Sul e do país.

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