Ambiente na Casa Cor une arquitetura, arte, design, fotografia e cultura local

Quinta, 06 De Outubro De 2016 às 14h21

Ambiente na Casa Cor une arquitetura, arte, design, fotografia e cultura local

Foto por: Janaina Lott

Ambiente na Casa Cor une arquitetura, arte, design, fotografia e cultura local

A Fachada Principal e a Garagem de Estar Renault, ambos assinados pela Arq. Luciana Teixeira, fazem a junção de arte, design e fotografia na arquitetura, na icônica da casa assinada pelo Arq. Rubens Gil de Camilo há 30 anos atrás, o projeto traz uma reflexão sobre o estilo de vida no Mato Grosso do Sul.

A Casa está aberta para visitação até 12 de outubro.

O Campogrande.net entrevistou a arquiteta Luciana Teixeira, que nos conta como projetou um dos espaços mais requisitados da Casa Cor MS.

CG.NET: Qual o principal objetivo do seu trabalho apresentado nesta edição da CASA COR MS?

Luciana: "Sempre acreditei que é papel da arquitetura é ser um catalisador da arte, do design e do artesanato de maneira geral. Por isso, utilizei o trabalho de artistas plásticos e fotógrafos de MS e a trilha sonora é com músicas de artistas locais. Somos um celeiro de talentos, temos uma produção artística rica e original. É minha intenção expor isso para a sociedade e ampliar o mercado consumidor da arte e design".

Quais artistas estão expondo seus trabalhos no seu ambiente?

ARTES PLÁSTICAS - EDSON CASTRO



O artista plástico Edson Castro, que é corumbaense e vive de arte em Paris há 08 anos, produziu 03 desenhos exclusivamente para a Garagem de Estar Renault, dentro do conceito do ambiente que busca uma reflexão sobre o estilo de vida no Mato Grosso do Sul; nossa realidade e costumes, isso incluí uma situação de conflito com os povos indígenas, que se apresenta poeticamente como um reflexo do inconsciente coletivo, nestes desenhos do Edson.

FOTOGRAFIA – MARCELO VELOSO



Em fotografia temos, Marcelo Veloso que é campo-grandense, roteirista e produtor de teatro no Rio de Janeiro onde mora. Com formação em cinema, a fotografia chegou como hobby, mas a lente da câmera o revelou, ele mais observa que fala e acaba dizendo com imagens aquilo que as pessoas esqueceram de observar. Criando imagens divertidas e cheias de significado. (foto 02 e 03)


ARTES VISUAIS – LULA RICARDI



Lula Ricardi  é Artista visual, mora em São Paulo onde nasceu, formado em arquitetura teve longa passagem por Campo Grande onde trabalhou como designer gráfico e na área cultural, têm seu trabalho premiado e dezenas de respeitados salões de arte brasileiros e é reconhecido pelo viés contestador,  com uma abordagem profunda e  esteticamente sofisticada do mundo contemporâneo.

FOTOGRAFIA: MAURÍCIO COPETTI



Gaúcho, da cidade de São Borja, ele vive há 15 anos no Pantanal, dos quais 8 dedicados a filmar as imagens pantaneiras, têm em seu curriculum filmes como Delta do Salobra, Àguas dos Matos e Nanquim. Com um olhar atento e único clicou a onça ícone do pantanal que compõe o ambiente junto com a série Guarani- Kaiowá em preto e branco, trabalho que reflete o índio menino do Mato Grosso do Sul.

DESIGN AUTORAL - MAURÍCIO ARRUDA



O arquiteto e mestre em arquitetura pela USP, Maurício Arruda é paranaense e conhecido nacionalmente pelo seu programa Decora da GNT.
Desenvolveu criativa Estante Macacos Mordam, da coleção de design, baseada em acessórios automobilísticos especialmente para a Renault.

CG.NET: Além de desenvolver projetos de arquitetura para construções e interiores, você vem se dedicando ao design de mobiliário. Que peças você está apresentando nesta edição da Casa Cor?

Luciana: "Estou apresentando duas cadeiras a pantanal beach e a nhanderu da coleção litoral central que propõe uma reflexão sobre o estilo de vida, os hábitos e a cultura do centro-oeste do brasil, salientando e resgantando as técnicas de artesanato do índio local e testando novas possibilidades de forma e materiais, em especial os tecidos elásticos tensionados em bases rigidas de ferro ou aço ínox.

A Cadeira Pantanal Beach, que foi inspiração no estilo de vida de quem vive nos trópicos, especialmente no Mato Grosso do Sul onde as altas temperaturas fazem com que as pessoas vivam mais ao redor de suas casas do que propriamente dentro delas, varanda, piscina ,churrasco e rodas de tereré fazem parte da rotina; tornando necessário o uso de tecidos onde se possa sentar  com roupas de banho e materiais que possam resistir ao sol e a chuva."



A Cadeira Nhanderu é resultado de analise do comportamento dos tecidos elásticos tensionados em base rígida, geométrica , circular, forma que faz referência  a oca, habitação tradicional de algumas etnias indígenas , aliada a pesquisa sobre arte plumária, artesanato, cultura e estética indígena brasileira.



A arte plumária é  cultura material, uma das expressões plásticas mais conhecidas e impactantes da cultura nativa brasileira, os índios da etnia GUARANI que utilizam penas e plumas coloridas, associados a outros materiais em objetos e adornos corpóreos.


CG.NET: A pesquisa sobre artesanato indígena te levou á aldeia, que realidade vc encontrou lá?

Luciana: Muitos dos índios  GUARANI e KAIOWÁ que vivem na aldeia JAGUAPIRU no  Mato Grosso do Sul, celeiro do agronegócio brasileiro, são espiritualistas e rezadores, e ainda resistem a realidade hostil de graves desavenças por terra, além das injustiças sociais. Essa realidade inspirou o nome da Cadeira NHANDERU que significa índio rezador.


CG.NET: Este projeto têm um forte apelo a inclusão social qual o objetivo principal da pesquisa?

Luciana: Gostaria que o  desdobramento desta pesquisa que levou a  criação deste protótipo da NHANDERU resulte na criação de oficinas para ensinar, o  Karaí(homem branco) o artesanato indígena, a além das novas gerações da tribo, já que há disposição de ensinar e grupos artesãos locais interessados em aprender.

Criar demanda de trabalho na aldeia, através da produção das CADEIRAS NHANDERU é  desejável também, já que a elaborada técnica ancestral deverá gerar sustento e reconhecimento do valor do índio brasileiro, mostrando a toda sociedade o quanto é rica, exótica e original é nossa cultura.

O projeto tem a intenção de utilizar o design como denuncia da situação dramática dos povos indígenas no Mato Grosso do Sul, além do desejo de divulgar e fortalecer  a rica cultura material deles, através do resgate  das técnicas de arte e artesanato produzidas pela etnia GUARANI e KAIOWÁ.

Noticias Relacionadas

Av. Afonso Pena, 2440 • Centro Empresarial Afonso Pena

11º Andar - Sala 112 - Centro • CEP 79002-074

(67) 3384-6571

(67) 8135-0202