A Noite que Mudou o Pop

Documentário da Netflix traz os bastidores da gravação da icônica canção "We are the World", onde os maiores nomes da música americana se reuniram para um feito histórico.

Guto Oliveira

Domingo, 04 De Fevereiro De 2024 às 21h11

A Noite que Mudou o Pop

A Noite que Mudou o Pop

A Netflix lançou, em 29 de janeiro deste ano, um documentário contando os bastidores da gravação de um dos singles mais bem-sucedidos de todos os tempos, We Are the World, do super grupo USA for Africa (United Support of Artists for Africa), que contou com a participação de mais de quatro dezenas de artistas, todos no auge de suas carreiras.

A ideia de reunir os artistas partiu de Harry Belafonte, um renomado músico, ativista, pacifista e ator americano, inspirado no sucesso do Live Aid, um megaevento que aconteceu no meio do ano de 1984 na Europa e Estados Unidos, capitaneado por Bob Geldof (BoomTown Rats) e Midge Ure (Visage/Ultravox/Thin Lizzy) e que reuniu grandes artistas dos dois lados do Oceano Atlântico. O Live Aid também tinha como objetivo, arrecadar fundos para a fome na África, principalmente na Etiópia.

Tudo começa em dezembro de 1984, quando Harry e o produtor Ken Kragen se reúnem para discutir um projeto. Logo, o músico e ativista convoca Lionel Richie e Michael Jackson para comporem uma música, com o forte argumento de que vemos os brancos salvando os negros, mas não vemos negros salvando negros.

Lionel fez questão de incluir Quincy Jones, um produtor musical e empresário, que seria o responsável por organizar a gravação da canção. Quincy goza de excelente reputação na música, tendo sido um dos principais mentores das maiores estrelas da música negra americana. Não sem razão, é o produtor do álbum mais vendido de todos os tempos, o “Thriller”, de Michael Jackson.

Liderados por Lionel Richie, as conversas iam acontecendo e os artistas, os maiores nomes da época nos Estados Unidos, foram convidados e a maioria esmagadora aceitava prontamente o convite, principalmente por ter Quincy Jones no comando da produção.

Lionel Richie e Michael Jackson eram os responsáveis pela composição da música e uma das coisas mais bonitas é ver como Michael se dedicou à tarefa junto de Lionel, que cuidava das arregimentações nesse meio tempo e se mostrava um grande líder.

Na época, Lionel tinha acabado de receber o convite para apresentar o AMA – American Music Awards, um importante evento da música norte-americana, noite que acabaria consagrando o próprio cantor, por receber 6 prêmios. Ainda assim, apesar do destaque, ele estava tão envolvido com o We Are the World, que ele só conseguia pensar na gravação.

Outra grande sacada foi usar, justamente, o prêmio, pois garantiria que muitos artistas estariam em Los Angeles e a ideia era gravar logo depois do evento. Imagina a logística de reunir mais de 40 artistas, com agendas lotadíssimas e compromissos inadiáveis? Eles tinham uma única chance de fazer tudo acontecer e tinha que ser naquela noite de 28 de janeiro de 1985.

No dia da gravação, à medida que artistas como Ray Charles, Stevie Wonder, Bruce Springsteen, Cyndi Lauper, Billy Joel, Kim Carnes, Al Jarreau, Smokey Robinson, Tina Turner, Paul Simon, Bob Dylan, Dionne Warwick, Willie Nelson , Steve Perry, Diana Ross, Kenny Rogers, Huey Lewis, Kenny Loggins e Dary Hall chegavam aos estúdios da A&M, em Los Angeles, se agigantavam as proporções do evento.

Para completar o coro, nomes como John Oates, Bette Midler, Dan Aykroyd, Sheila E., The Pointer Sisters, Waylon Jennings, James Ingram, Jeffrey Osborne, Lindsey Buckingham e a família Jackson em peso: LaToya, Tito, Jackie, Marlon e Randy Jackson. 

Coube a Quincy Jones a função de colocar todos na mesma sintonia e ele teve a brilhante ideia de convocar Bob Geldof, o idealizador do Live Aid, para contar um pouco sobre a situação na Etiópia, uma vez que ele tinha acabado de chegar de lá. Bob foi cirúrgico e com um pequeno discurso, conseguiu despertar a urgência do projeto e invocar que todos pusessem um sentimento verdadeiro em suas interpretações.

Com tantos artistas juntos, Quincy sabia que poderiam haver problemas, e num lance de esperteza, escreveu um aviso na porta do estúdio: Deixe o seu ego na porta! Um recado para todos.

Prince estava em absoluto sucesso na época e era um artista que todos queriam que participasse. Por conta da rivalidade com Michael Jackson no mercado musical, ele não aceitou o convite, mas ainda assim, enviou uma música, que acabou entrando no álbum que seria lançado depois.

Todos os esforços para resolver os problemas foram empregados e no final das contas, a gravação saiu da forma como precisava, avançando na madrugada do dia 29 de janeiro até por volta das 8h da manhã.

Três meses depois, em março, o single foi lançado e vendeu 20 milhões de cópias, tornando-se o nono maior single físico da história, arrecadando a bagatela de US$ 80 milhões, faturando ainda o Grammy de Canção do Ano.

O projeto USA for Africa existe até hoje e desde o início, já arrecadou mais de US$ 100 milhões em prol dos que sofrem de fome na África.

Certamente, aquela noite mudou o pop para sempre e esta história, agora contada em detalhes, ecoará por toda a eternidade da música mundial.

Fonte: Netflix

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