Campo Grande . Net

Sabe quando você sente que a mudança está batendo na sua porta e você fica na dúvida se deve deixá-la entrar? Esta semana foi uma de refletir sobre mudanças. De novo.

Eu anseio pela mudança como toda pessoa que  se inquieta demais. O óbvio não me motiva. O desconhecido me seduz muito mais do que o cotidiano. E, eu devo dizer que aprendi a entender a beleza da mesmice nesses anos aqui de novo em Campo Grande. Entender a beleza do cotidiano me faz ver a beleza das pequenas coisas. Consigo até admirar as aves indo e voltando nos seus ciclos de reprodução. Eu vejo o brotinho crescer e querer seu lugarzinho ao sol. O cotidiano também tem suas vantagens.

Mas, o meu espírito precisa de mais do que isso. Meu espírito precisa de escuridão além do sol. Só que eu não consigo prever o futuro e nesta semana esses anseios me fizeram sofrer demais. Passei dias angustiantes tentando conciliar o que eu gostaria com o que eu preciso ter. O que é necessário para ter uma vida melhor e o que eu quero agora. E eu temo dizer que eu não sei a resposta.

Dói demais quando a mudança que você precisa não pode nascer apenas de sua própria força. É uma âncora que te finca ao chão, que te faz permanecer, que te faz até admirar o que antes nunca te chamara a atenção. Fico me dizendo que se fosse sozinha, se só dependesse de mim, já teria ido, já teria deixado tudo para trás de novo. Mas, agora não sou só eu e vivo nesse círculo vicioso sem saber qual é a hora correta para ficar ou ir.

Eu vejo as pessoas vivendo os seus sonhos, as suas vontades, desfrutando de todas as coisas que merecem e um gosto meio amargo, meio doce, invade o meu ser. Não é inveja, embora pareça muito. É apenas o reconhecimento do fato de eu não saber como conseguir fazer o mesmo. É tanta coisa para conciliar, tanta coisa mais importante. É meio frustrante entender que o caos se instalou na minha vida e eu não saber como fazer para mandá-lo embora.

Por outro lado, nada no mundo me faz mais feliz do que ver meu brotinho crescer. Não é a maneira como eu achei que seria, não é o que eu queria, mas é tão bonito de se ver... Mesmo sendo imperfeito, mesmo tendo problemas, mesmo eu temendo os temores do mundo. A minha âncora não me prende, a minha âncora me estabiliza.

Talvez esta seja a maior mudança que eu poderia ter. O desejo de ir, mas a sabedoria do permanecer. Ou talvez seja a minha maior tolice. Entre um e outro eu prefiro ficar com o meu coração e dizer que, o que quer que digam ou pensem, eu sou dessas que ponderam, mais do que partem.