Hoje recebi do mestre, no grupo do Muay Thai, um vídeo de uma reportagem de um senhorzinho japonês que começou a correr com mais de 90 anos e que aos 105 correu os 100 m em 42 segundos. Lógico que o feito foi celebrado e o tempo oficializado como recorde. O senhorzinho ficou em último entre os participantes, mas mesmo assim, foi um feito e tanto para alguém da idade dele. O que me impressionou mais é que ele não saiu da prova satisfeito, pois disse que em treinos chegou a marca de 36 segundos.
A reação dos meus companheiros de aula foi também de reverência ao esforço e foco. A gente morre na aula e reclama. E reclama mais porque deveria estar melhor. E ainda assiste ao vídeo e percebe que tem gente com mais idade e ainda mais determinado.
Minha vida se transformou com o Muay Thai, já disse isso
aqui. E agora vejo outra mudança, que na verdade só se acentuou com a prática de exercício: A preocupação com a longevidade.
Acho que comecei a temer a morte quando me descobri mãe. Tenho medo de andar de avião agora. Fiquei mais medrosa: tenho medo de trânsito, de violência e de ficar doente. Tenho pavor de médicos. Tenho medo do que a vida pode querer roubar de mim: a própria existência, aqueles que amo, as coisas que eu gosto, alguns hábitos que adquiri, alguns vícios que não consigo largar. Tenho medo de com o tempo, deixar de ser eu mesma.
Depois de ser mãe, comecei a ter mais consciência do que eu como, embora não consiga, muitas vezes, resistir ao chocolate e outras besteiras da vida. Comecei a comer menos coisas prontas, comecei a gostar mais de temperos diferentes. Passei a ler mais rótulos. Comecei a me interessar mais por orgânicos - e a ouvir mais sobre a discussão de serem ou não vilões para o mundo. Também comecei o tal do Muay Thai. E agora eu quero viver mais, eu quero estender a minha existência até o limite do viver bem. Mas, tudo bem se eu matar uma ou outra aula?
É claro que eu não virei xiita fitness, eu ainda me pergunto se viver bem é seguir metodicamente todas as regras de proteínas, quase zero carbos e gordura do bem; ou se viver bem é desfrutar de um sanduíche x-tudo-bagunça, ou comer aquele doce cheio de creme e açúcar trans do mal quando der vontade. Mas, essa gana do senhorzinho desse vídeo mostra bem o que eu quero para mim num futuro meio distante. Eu quero ter essa força mental de que tudo posso se eu quiser. Eu quero ter saúde mental e física para falar 'dane-se o que vocês pensam, eu não acho bobagem e vou fazer'.