Política

por Misha Gibson, que quer mais política e menos marketing

171 Todo Dia

Terça, 14 De Outubro De 2014 ás 06:00

Política

Política

O primeiro turno das eleições já se passou e o segundo turno está vindo aí. Esta coluna é a respeito de cotidiano... Então, vamos falar de política. Ok, lembre-se que você está lendo o 171, então não espere ler aqui fatos, estatísticas e apoios partidários. Principalmente vindo de mim. Eu não sou de falar de política e não é porque eu não ache importante ou não ligue. Mas, pelo simples fato de não me definir politicamente, então não tenho de quem e/ou do que falar. Tenho lá minhas formas de avaliar a política que se faz e estudar as estratégias que se faz, mas não sou expert no assunto. Só dou os meus pitacos.

Dito isto, vamos conversar sobre política. Pela primeira vez na minha vida, tenho esperanças de que o Brasil pode de fato ter algum jeito em algum momento num futuro (ainda) distante. Nunca havia me dado a este luxo porque sempre acreditei que ainda somos um povo sem educação. Não é questão de escola, apesar de escola também colaborar para fazer a educação melhor. Precisamos mudar a nossa própria mentalidade, nosso jeito de ser, perder um pouco dessa identidade brasileira do malandro. Não é fácil, nunca foi, vai demorar gerações provavelmente. Mas, neste primeiro turno eu vi uma coisa à minha volta que nunca havia visto: as pessoas discutindo política, comentando sobre o passado dos candidatos, verificando e repassando as mentiras e verdades encontradas. O advento das redes sociais ajudaram a disseminar todo o tipo de informação. Apesar de estarmos ainda engatinhando no quesito de diferenciar liberdade e leviandade no horário político, estamos amadurecendo enquanto povo de alguma forma.

Existe ainda aquela parcela da população que ainda vê se o seu umbigo está satisfeito com este ou aquele político, assim como existem ainda candidatos que se vêem presos à máxima de quanto mais se der ao eleitor, mais votos serão ganhados. Mas, não dá mais para estereotipar o voto. Não podemos mais dizer que a parte mais pobre da população ou a parte mais educada, ou a parte negra, ou a parte discriminada... Isso é tolice. As pessoas estão aprendendo a ver além do seu próprio quintal. Estão olhando as ruas, as escolas, os hospitais. Estão olhando o dinheiro ir embora e ir para algum outro lugar. Estão olhando de onde vem e o que tem a dizer os nossos políticos, e se ainda elegemos palhaços, piratas, ladrões, estamos aprendendo que precisa mais do que terno e gravata e mais do que o falatório padrão.

Ainda precisamos entender que é necessário mais, quem são os outros políticos que abraçam as causas do candidato, quais são as ligações que o partido possui, quem é que chamam para compor as mãos do governo. Mas, a gente está aprendendo. A gente está lembrando mais, está verificando mais, apontando mais. Estamos aprendendo também que votar em protesto não ajuda. Também aprendemos que os partidos são só mais uma forma de explorar o povo. Estou ouvindo burburinhos de reforma eleitoral por aí?

E por falar em reforma eleitoral, há muito a ser feito. Quando é que vamos deixar de ser libertinos para sermos livres? Porque ainda somos obrigados a votar? Ok, enquanto não houver a reforma do pensamento de ser brasileiro, talvez seja mesmo melhor que sejamos obrigados a votar. Muito medo de abstenção 100%...

Mas, não sejamos hipócritas. Não estou dizendo que devamos seguir este ou aquele país para fazer nosso processo eleitoral melhor. Mesmo porque o povo vota errado também em outros lugares do mundo. É que existe a vergonha, a minha pelo menos, de ver o horário político brasileiro. E de saber que este mesmo horário político pode servir para, além de provocar o voto dos eleitores, puxar outros políticos da coligação. É o marketing a serviço da política. Estamos fazendo marketing e não política. É triste.

Eu tenho esperanças que um dia iremos aprender. Que um dia haverá uma renovação. Que a mudança virá. Que futuras gerações irão desfrutar de uma nação e não de um país. Enquanto isso, vamos com consciência para este dia poder raiar. Ai, se a gente pudesse apertar o botão 'Corrigir' da urna e as coisas erradas fossem corrigidas...!


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