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Assisti, aliás, tive uma overdose de Vingadores, Guerra Infinita. Overdose porque assisti ontem duas vezes: uma com o pequeno e amigos, e a outra sozinha, legendado.

Aqui, um parênteses. Por mais que exista a parcela que diga que filmes dublados empregam brasileiros e que deveríamos assistir mais filmes dublados, eu nado contra esta corrente. Eu acho que é necessário o mínimo de interferências possível na narrativa da história e o seu próprio para que seja captada somente a essência do que se acha importante/relevante. É a sua conversa particular com os diretores, atores e artistas que participaram do filme. Assim como ocorre ao ler um livro, que é a sua conversa particular com o autor, quanto mais próximo do idioma dele mais próximo você estará do significado que ele quis dizer. Sou dessas que se importam muito com a matéria bruta do significado das coisas.

Devo dizer que apesar de preferir o legendado, cochilei em alguns pedaços - o dia foi longo e corrido. Mas, eu prestei mais atenção em coisas que nem tinha percebido na primeira vez. Muitas coisas passam muito rápido e é preciso de muita atenção para não deixá-las passar. As vozes originais dos personagens dão um contorno mais fino para eles.

Algumas piadas ficaram excelentes em português, mas os diálogos ficam muito mais coerentes em inglês.

O que ficou realmente marcado é como eles se esmeraram em realmente construir uma história com todos os filmes. Tudo ficou consistente, os heróis não perderam o tom de filme para filme. E, além disso, o marketing maciço e ininterrupto. Conseguiram até conter os spoilers por bastante tempo. Nunca vi uma publicidade tão ativa em tantos lugares e em tantos programas ao mesmo tempo. Vai ver que aproveitaram todos os nomes que poderiam trabalhar para divulgar o filme.

Conseguiram fazer uma novela no cinema em 10 anos, um 'Boyhood' em muitos anos e muitas horas de filmagem, aproveitando o universo tão vasto e tão sem limites da imaginação humana. E de quebra ainda lançam mão da dicotomia bem x mal. Existe razão, embora torta, em cada ser. Seguir as regras pode não ser exatamente correto, tomar atitudes drásticas não significa necessariamente ser ruim e o amor é demonstrado em diversas formas. Aliás, sem amor não resta nada. É clichê, mas não é banal. Resta ainda saber como o será o desfecho para dizer que os fins não justificam os meios.

Gosto de achar, mesmo nos filmes mais fantasiosos, uma razão, uma justificativa além da superfície, da fantasia. Há de existir uma sabedoria, algum conteúdo. Meu dinheiro precisa de uma razão para ser gasto.