Há mais de 10 anos no calendário de eventos, a Batalha também sofreu revés por conta da pandemia, mas em 2021 conseguiu superar tudo e fazer a melhor edição
Campo Grande teve o melhor Batalha de Bandas em 2021
Realizado em setembro de 2021, no dia 25 (sábado), a 8ª edição do Batalha de Bandas foi, certamente, a maior e melhor de todas.
Idealizada por Caio Dutra e Ana Paula Ostapenko, há mais de 10 anos eles compraram uma briga bonita, mas muito difícil, que é apoiar a música autoral sul-mato-grossense.
Não por acaso, o evento vinha crescendo, como todo trabalho árduo merece, e com a pandemia, também sofreu um revés inesperado. O projeto amargou quase dois anos de standby, mas não ficou esquecido e nem tampouco os idealizadores haviam desistido dele.
Submeteram um projeto para aprovação no Fundo de Investimentos Culturais/FIC, da Fundação de Cultura do Estado, foram contemplados e o projeto conseguiu realizar a edição 2021!
Nesta edição, foram 63 bandas inscritas, de diversas regiões de Mato Grosso do Sul, das quais 10 foram selecionadas para se apresentarem ao vivo, num show sem precedentes, realizado no último sábado, no Rota Acústica.
Com apresentação da queridíssima Paula Hill, a mestre de cerimônias abriu os trabalhos no palco, agradecendo a todos os envolvidos das 63 bandas, que tiveram a coragem de mandar seu material e parabenizou as 10 escolhidas.
Também agradeceu o apoio de toda a equipe e dos incentivos do Governo do Estado de MS, que tornou a noite possível.
Em seguida, Paula apresentou os jurados da noite: Lotte Dichoff, da excelente banda Black Comma; Jane Jane, artista ímpar da nossa cidade; o não menos conhecido Juliano Gordão, baixista de qualidade de várias bandas como Shuffle 67 e V12, além de professor. Completando o júri, Vitor Maia, representando a Fundação de Cultura.
Nas mãos destes 4 personagens, a votação e o destino das concorrentes ao título de campeã do Batalha.
Para abrir os shows, subiu ao palco a banda Nightflyers, mandando um som pesado, através de suas letras cheias de força, baseadas em suas experiências de vida. A trupe empolgou a galera e fez bonito, com seu rock.
Em seguida, foi a vez de Dourados/MS se mostrar presente, com a rapper SoulRa. Do alto dos seus 20 e poucos anos, mandou letras sobre o amor, o autoconhecimento e liberdade de expressão. Com palavras de ordem, ela incendiou a plateia, com sua música. Uma grata surpresa para mim, mas a galera da segunda maior cidade do estado já havia sacado que essa menina tem muito potencial.
Das ruas para o palco do Batalha, a banda Laboratório Gueto trouxe uma mistureba nervosa, regada a rap, reggae e com pitadas de rock, para balançar as estruturas do palco! E as letras refletem a cultura das ruas, com a experiência de quem sabe do que está falando. Outra passagem meteórica!
Sem deixar o clima cair, a moçada da banda Versch trouxe toda sua energia para o palco, com doses de hardcore cadenciadas por um estilo muito próprio. As músicas da banda são um convite à reflexão, com o peso do underground local. Show impecável!
Uma pausa, na troca de bandas, para receber toda a energia da Adulfe, banda de metalcore baseada em Três Lagoas/MS. Das gratas novidades do festival, a Adulfe trouxe Rodrigo Garcia, um jovem talento de apenas 16 anos, provando que o rock segue mais vivo do que nunca. Uma belíssima apresentação dos meninos da Costa Leste do estado.
Abram alas para a DoValle! Se até aqui, o rolê já estava bem aleatório, mostrando as diferentes vertentes da música sul-mato-grossense, a DoValle veio para quebrar todos os paradigmas, com uma mistura da MPB, brega e bolero, numa atuação performática que encantou a todos.
Acha que a diversidade parou ali? Nada... o Projeto Kzulo provou que se a salada já estava boa, dava para adicionar muito tempero bom, ainda. E eles trouxeram a cúmbia colombiana, misturada à percussão do candomblé e o rock, para botar o palco do Batalha para ferver. Não faltou suor na apresentação empolgada da trupe!
Vão faltar adjetivos para classificar o som da banda de rock independente A Insana Corte! Conhecidos da cena local e já tendo participado do Batalha em edições anteriores, eles prepararam uma apresentação realmente insana, desculpando a redundância, afinal isso já fica claro no nome da banda! E o apelo visual também foi um show à parte.
Figurinhas carimbadas na cena local, os integrantes da Vozmecê trouxeram o colorido do forró com rock e MPB, para animar a noite. E para abrilhantar ainda mais, trouxeram o amigo Jimmy Andrews para o palco, além de outros convidados. Tudo para mostrar suas letras de forte apelo social, mostrando que a juventude está preocupada com o futuro do país. Show perfeito!
Contaram quantos participantes até agora? Pois chegamos à última candidata, mas não ao último show!
A banda BlackPool é a última das concorrentes ao título de campeã do Batalha de Bandas 2021, trazendo ao palco, o melhor do rock, alinhados pela competência de quem toca junto há muito tempo. Com o vocal diferenciado de Guilherme Volpe, eles foram ovacionados pela galera, num show curto, mas muito vibrante.
Enquanto os jurados contabilizavam os votos, para anunciar a campeã, a banda Arisen, de Corumbá/MS, mostrou seu trash metal autoral, vindo lá da fronteira do Brasil com a Bolívia, na caliente Cidade Branca. Eles foram os grandes vencedores do festival em 2018, provando que vale a pena persistir, pois ficaram em 3º lugar no ano anterior! E o show foi arrasador, como tinha de ser, para coroar a festa com altíssimo astral.
Depois de muita expectativa, a organização anunciou as três vencedoras do Batalha de Bandas 2021:
1º Lugar: DoValle
2º Lugar: Projeto Kzulo
3º Lugar: SoulRa
Surpreso com o resultado? É que, se você não estava lá, não faz a menor ideia do significado dessa edição: além de ser a maior de todas, a mais bem organizada e com a melhor estrutura, se tem uma palavra que define esse festival é diversidade!
Certamente foi o rolê mais aleatório, incrível e inusitado que já participei, nas quentes noites de Campão. E se precisamos agradecer algumas pessoas, certamente a Ana e o Caio, juntamente com a fiel escudeira Paula, merecem todos os louros pelo sucesso de público, de entusiasmo e de grandeza do festival.
E a festa foi grande, graças ao apoio da Fundação de Cultura do Estado; a belíssima adesão de tantas bandas que mandaram seus materiais; o empenho das finalistas em entregar a melhor performance possível e, é claro, à todos os que se envolveram na realização: o pessoal da montagem, os técnicos de som, os fotógrafos e filmmakers presentes (abraços aos meus amigos Maurício, Kojiroh e Kinho), a galera do Rota Acústica, que proveu os comes e bebes para a galera, o pessoal dos trailers de comida, a galera que expôs produtos para venda (alô, Music Quadros, os quadros são sensacionais!) e todos os que estiveram lá para fazer a noite ser perfeita.
Por fim, agradecer aos que prestigiaram o evento, tenho certeza de que toda a correria foi para proporcionar a melhor experiência para o público campo-grandense e todos os que vieram de fora, para fazer acontecer o festival.
Falando por mim, valeu muito a pena estar lá e todos os que conversei, concordam comigo.
Foi uma noite fodástica, e o melhor de tudo é que 2022 já está logo aí.
Parabéns a todos!
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